By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Portal Terra – Imagem: Ricardo Moraes (Reuters)
Vão ser os clubes que vão definir sistema de disputa, tabela, fórmula, calendário das competições, regulamento e até horário da transmissão das partidas. Este foi o ponto mais importante aprovado em reunião de cinco horas na tarde desta segunda entre dirigentes da CBF e clubes da Série A do Brasileiro, na sede da confederação. Corinthians e Internacional foram os únicos que não enviaram representantes ao encontro.
Na prática, o fortalecimento dos clubes e a possibilidade real de se
organizarem são aspectos que viabilizariam o funcionamento de uma liga
informal, mas ainda atrelada à CBF, pois o Conselho Técnico é um órgão
da entidade com subdivisões para cada competição. Há, por exemplo, o
Conselho Técnico da Série A, hoje formado por dez clubes. Com a reforma
do estatuto, os 20 clubes da Primeira Divisão devem integrá-lo.
"Foi a maior conquista dos últimos anos", disse o presidente do
Vasco
, Eurico Miranda. Outro que se manifestou favorável as alterações foi o presidente do
São Paulo
, Carlos Miguel Aidar. "O poder de veto que a CBF tem no Conselho
Técnico vai cair. Os clubes passam a ter o comando total dos
campeonatos, fora do telhado da CBF. Isso já seria o embrião da criação
de uma liga", declarou Aidar.
De acordo com Eurico, a discussão sobre cota de TV vai ser posta na
mesa de discussões a partir do agrupamento de clubes no Conselho
Técnico. "Isso vem na sequência". Pouco depois, o presidente do
Flamengo
, Eduardo Bandeira, foi enfático ao dizer que cota de TV não é assunto de comissão. "Essa questão é inegociável", cravou.
Clubes tremeram
A vitória comemorada parcialmente pelos clubes contrasta com a
"tremedeira" da metade deles sobre a Liga, que estava bem adiantada. A
CBF descobriu a reunião que aconteceria nesta tarde, às 14h, e marcou um
encontro obrigatório entre os cartolas no mesmo horário - que resultou
nas mudanças descritas acima. O presidente Mario Celso Petraglia,
Atlético-PR, propôs a Liga nesta tarde e foi um dos que manteve a
postura anterior.
Apesar de assumir o controle das competições nacionais, o projeto da
Liga era ambicioso. Exemplo na divisão de cotas de televisão, a Premier
League, da Inglaterra, era o o modelo a ser seguido e tinha a aprovação
dos times interessados para "igualar" os valores, deixando o Brasil mais
democrático, sem a alta disparidade econômica vista nos dias atuais.
Entretanto, como todos os clubes têm dinheiro adiantado nessa questão,
alguns dirigentes começaram a recuar na ideia.
CBF e Globo pressionaram bastante na reunião e times que apoiavam a
criação de um torneio independente simplesmente ficaram quietos em
momentos determinantes. Um deles foi o Flamengo, que costurava e apoiava
essa revolução com Fluminense, Atlético-PR, Coritiba e Cruzeiro.
Racha
A MP do futebol, que está em discussão, é o motivo de um racha entre os
cartolas: antigos contra os modernos. Em determinado momento da
reunião, o clima esquentou e muito entre os clubes quando o assunto foi
tocado.
Eurico Miranda, do Vasco, é quem lidera os dirigentes da "velha
escolha", formada entre os anos 80 e 90. O mandatário vascaíno queria
que todos relutassem no apoio à Medida Provisória apoiada por
jornalistas, Bom Senso, entre outros. Por outro lado, clubes que apoiam a
Liga, aqui incluindo o Flamengo, não gostaram da ideia e criticaram a
posição, argumentando que o futebol brasileiro precisa evoluir e ser
administrado com responsabilidade, tendo metas a cumprir.
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