By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Portal Terra – Imagem: Débora Melo (Terra)
Até agora, a investigação do Ministério Público (MP) já apontou 20 vítimas e a participação de vários homens com cargos importantes que são acusados de fazerem parte do esquema. Entre os acusados, estão o assessor da governadoria do Estado, fiscais da Receita Estadual, um policial civil, e pelo menos quatro aliciadoras. A rede de crimes sexuais contras meninas e adolescentes promete revelar ao longo da investigação uma corrente criminosa com uma lista ainda mais extensa.
A promotora de Justiça Suzana Lacerda informou que a
investigação já apontou uma lista muito maior de vítimas, assim como a
lista dos envolvidos. “As investigações já indicam uma lista de vítimas
maior que as 20 já identificadas. Também existem mais evolvidos no
esquema sim, pessoas com cargos importantes, são novos contextos e novas
pessoas que estamos investigando”, afirma.
A promotora explica que a investigação de crimes sexuais
é delicada porque as vítimas nem sempre têm a consciência de que são
vítimas. ”Essas meninas vivem a marginalidade e não denunciam. Esses são
crimes ligados diretamente ao machismo, a ideia de que eles podem fazer
o que querem. Como a ideia da procura por meninas virgens, envolvendo
muito poder, influência e dinheiro”, ressalta.
O esquema, segundo Suzana, era baseado em diferentes
formas de aliciamento, “diferentes formas de trocas de informações,
troca de meninas como mercadoria, aliciamento na porta das escolas,
lanchonetes e pela internet, uma menina virgem valia cerca de mil
reais”, revela.
Ainda de acordo com a promotora, as investigações
revelam a relação entre o ex-assessor do governador Beto Richa, o
fotógrafo Marcelo Caramori e os fiscais da Receita Estadual que estão
detidos. “Eles se reuniam em festas em Londrina com a participação
dessas meninas”, afirma.
O delegado do Grupo de Atuação e Combate ao Crime
Organizado (Gaeco), Ernandes Cézar Alves ressalta que “além das festas
eles mantinham contato por mensagens e utilizavam redes sociais
- principalmente o Facebook - para entrar em contato com as vítimas”,
lembra.
A promotora explica que as investigações apontam crimes
de até 10 anos atrás e devem revelar muito mais envolvidos nesse
esquema. “Nós temos conhecimentos de situações de até de 10 anos atrás,
desde o primeiro preso em janeiro desse ano, não sabemos se houve receio
por parte dos envolvidos para uma pausa, mas os crimes até então eram
recorrentes”, afirma.
Prisões
Os policiais do Gaeco realizaram, nessa última terça-feira (3), a prisão preventiva do fiscal da Receita Estadual no Paraná, Orlando Aranda e outras duas mulheres. Segundo o delegado do Gaeco, Ernandes Cézar Alves, a suspeita é de que Aranda tenha praticado atos sexuais contra uma menina 13 anos na época do crime, em 2002 e também participe do esquema de crimes sexuais contra menores em Londrina.
Os policiais do Gaeco realizaram, nessa última terça-feira (3), a prisão preventiva do fiscal da Receita Estadual no Paraná, Orlando Aranda e outras duas mulheres. Segundo o delegado do Gaeco, Ernandes Cézar Alves, a suspeita é de que Aranda tenha praticado atos sexuais contra uma menina 13 anos na época do crime, em 2002 e também participe do esquema de crimes sexuais contra menores em Londrina.
De acordo com Alves, as duas mulheres presas são
acusadas de aliciamento, Sandra Soares Marques e Eliane Ribeiro, são
apontadas pelo delegado do Gaeco como ex-prostitutas, e, desta
forma, teriam contato tanto com as supostas vítimas quanto com os
acusados. Fazem parte do esquema, pelo menos quatro garotas maiores de
idade que intermediavam o encontro entre os suspeitos e as adolescentes.
Para o delegado do Gaeco, “muitas das meninas que foram aliciadas
continuavam mais tarde fazendo parte da corrente como aliciadoras”,
explica.
Além dos mandados de prisão do fiscal e das duas
mulheres, um quarto mandado de prisão foi protocolado contra o auditor
da RE, Luiz Antonio de Souza, que já está preso na Penitenciária
Estadual de Londrina (PEL II), desde janeiro. Souza é acusado pelo
Ministério Público (MP) de exploração sexual de menores. O novo mandado
de prisão protocolado, de acordo com o Gaeco, é pela suspeita de estupro
de vulnerável. Ele permanece preso na Penitenciária Estadual de
Londrina (PEL II).
Suzana explica que investigações paralelas estão sendo
feitas já que no momento da prisão Souza estaria com R$20 mil em
dinheiro vivo, além de apresentar um estilo de vida e bens que não
condizem com o próprio salário. “É curioso que alguém tenha R$20 mil em
dinheiro em um automóvel, o salário dele não é compatível com tanta
ostentação”, afirma.
A Promotoria da 6ª Vara Criminal também entrou com mais
quatro processos criminais contra o grupo de agentes públicos que já
estão detidos, apontados como clientes da rede de exploração sexual.
O ex-assessor da Governadoria do Estado em Londrina,
Marcelo Caramori, o auditor da Receita Estadual José Luiz Favoretto e o
policial civil Jefferson Santos são acusados de terem favorecido a
exploração sexual de menores, envolvimento com programas pagos e estupro
de vulnerável.
Caramori foi solto no início da noite dessa terça-feira
(3) por ter colaborado com informações importantes para a abertura de
novos inquéritos. Ele deve responder em liberdade.
Favoretto está preso na PEL II e já responde processos por crimes
semelhantes. O policial civil está preso em Curitiba.
Caso Colli
A Promotora de Justiça, Suzana de Lacerda, trabalhou no caso de Marcos Colli, ex-presidente do partido Verde em Londrina, que em 2013 foi acusado de estuprar crianças, filmar e fotografar os abusos. Ele foi condenado a 220 anos de prisão e segue detido no presídio de Piraquara (região metropolitana de Curitiba).
A Promotora de Justiça, Suzana de Lacerda, trabalhou no caso de Marcos Colli, ex-presidente do partido Verde em Londrina, que em 2013 foi acusado de estuprar crianças, filmar e fotografar os abusos. Ele foi condenado a 220 anos de prisão e segue detido no presídio de Piraquara (região metropolitana de Curitiba).
Para Suzana, não existe ligação entre os dois casos. “O
caso do Colli foi emblemático, eu trabalhei arduamente nas investigações
e não existe relação entre eles. Colli praticava crimes contra
crianças, não existe uma palavra para descrever o que ele fazia, eu
adoeci assistindo a mais de 6 horas de vídeo gravado com crianças. Em 18
anos de promotoria eu nunca vi nada parecido com aquilo nem mesmo em
filmes ou na literatura”, revela.
Para ela, os casos diferem já na procura das vítimas,
apesar de em ambos os casos as vitimas fazerem parte de famílias de
baixa renda, ”Colli tinha gosto por crianças de 6 a 9 anos, nesse
esquema que investigamos agora, as vítimas são meninas adolescentes.
Lamentavelmente esse tipo de crime ocorre em todas as cidades do país e,
novamente, investigamos em Londrina”, diz.
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