By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Portal Terra – Imagem: Marcus Vinicius Pinto (Terra)
O funileiro Maxwell Gonçalves, 36, conserta panelas desde os dez anos
de idade, em Botafogo, zona sul do Rio. Apesar de trabalhar em um bairro
de classe média alta, com o panelaço contra a presidente, Maxwell só
ouve falar do protesto.
“Lá em Xerém, onde moro, não teve nada disso”, afirma, dizendo que
entende os protestos. “É uma forma de se fazer ouvir pelas autoridades”,
disse.
Mesmo com todo o País anunciando o caos político, essa crise não chegou
às panelas de Maxwell. “As pessoas que passam por aqui criticam muito o
governo. Dizem que mexeram no auxílio desemprego, no auxílio saúde. Mas
para mim, não me atingiu em nada”, diz.
Casado e pai de uma filha de quatro anos, Maxwell diz que leva uma vida
razoável. “Minha filha estuda em escola particular, minha mulher é
professora. Tenho um padrão de vida legal”, comenta. Maxwell chegou ao
bairro de Botafogo há 26 anos, pelas mãos do pai, Sebastião, com quem
aprendeu tudo. “Infelizmente perdi ele há seis meses. Infarto”, conta.
Especializado em panela de pressão e frigideira, o funileiro diz que consertar panela é algo que não saiu de moda.
“Panela é algo de estimação. Que foi da sua avó, que sua mãe fez sua
comida e você não quer perder isso. Então as pessoas vêm aqui e eu dou
um jeito”, conta.
O conserto de uma panela antiga custa entre R$ 10 e R$ 40. “Ponho minha
mão-de-obra no preço. Não pode ser muito caro porque precisa valer a
pena”, ensina.
Maxwell diz que as panelas de pressão são as que dão mais trabalho. “É
trocar válvula, borracha, às vezes cai no chão e é preciso desamassar”,
explica o paneleiro. Questionado sobre qual panela é a melhor para fazer
mais barulho no panelaço, ele não duvida. “Panela de aço inox é a que
faz mais barulho”, diz.
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