terça-feira, 5 de agosto de 2014

Projeto ambiental revitaliza faxinais e beneficia famílias



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Adriana Justi (RPC TV) Imagem: Divulgação


Mais de 280 famílias de Mandirituba e Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba, serão beneficiadas por um projeto ambiental de revitalização em seis faxinais da região. O sistema de faxinais é caracterizado pela forma coletiva de viver, onde mesmo tendo seus bens, as famílias convivem em espaços abertos sem cercas ou demarcações, e os animais são criados soltos. Preservar o meio ambiente e seus recursos naturais também são regras básicas dentro dos faxinais. Segundo o superintendente da empresa responsável pelo projeto de revitalização Francisco Essert, o Paraná é o único estado brasileiro que ainda mantém esse modo de vida.
Atualmente, conforme o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), 28 faxinais estão cadastrados no estado como áreas especiais regulamentadas. Ao todo, são 17.990 hectares de área restrita à esse sistema em 12 municípios. No entanto, aponta Essert, há mais de 200 no estado sem a devida regulamentação, e por isso não constam no sistema no IAP.  Além da Região Metropolitana, também há faxinais instalados em Prudentópolis, Rebouças, Irati, Malé, Turvo e Ponta Grossa.
O projeto de revitalização terá duração de 24 meses, e a meta será recuperar uma área florestal de 129 hectares com o plantio de 110 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica dentro desses faxinais. Além disso, também serão  revitalizadas 38 nascentes já catalogadas no espaço através do plantio e replantio de novas espécies. O projeto é patrocinado pela Petrobras e será executado pela Geração de Emprego e Renda (Gerar), que venceu um edital de licitação da empresa. Serão investidos aproximadamente R$ 3.475.726,05.
Qualidade de vida
Para Anderson Nascimento, que vive em um dos faxinais da RMC com a esposa e o filho, conviver em um local assim é poder priorizar, principalmente, a qualidade de vida. Ele contou que normalmente os terrenos e as propriedades são herança de outros faxinalenses da família, já que o foco principal é preservar a tradição. "Eu até achei que não ia conseguir me adaptar, mas posso dizer com orgulho que a minha vida mudou desde que deixei Curitiba para vir para cá. Aqui a gente aprende a respeitar a natureza e a viver em comunidade. Um ajuda o outro, as pessoas nunca estão sozinhas", conta.
É um diferencial de vida, garante Anderson. "As pessoas conseguem se respeitar, coisa que hoje em dia não se encontra em qualquer lugar. É o que me fascinou e não me tira mais daqui", argumenta.
Toda a alimentação consumida por eles provém do próprio plantio. "Todos têm uma horta e animais. Então, são poucas as necessidades fora daqui", explica. A pesca também é explorada, mas apenas como forma de lazer, destaca Anderson. Entre os animais que circulam livremente dentro do faxinal onde ele mora estão porcos, vacas, galinhas, marrecos, gansos, cabritos, entre outros.
Como começou
O conceito dos faxinais surgiu a partir da aliança dos índios fugidos das missões jesuíticas com os negros que escaparam da escravidão, conforme os historiadores. Posteriormente, a chegada dos imigrantes agregou novas características ao sistema, mas manteve a forma básica de conviver em coletividade.
Na Região Metropolitana de Curitiba os faxinalenses também priorizam o cultivo de lavouras sem agrotóxico e realizam a troca de produção, como viviam os primeiros imigrantes. O sistema é regulamentado no estado pela lei 15.673 de 13 de novembro de 2007. "O Estado do Paraná reconhece os Faxinais e sua territorialidade específica, peculiar do estado do Paraná, que tem como traço marcante o uso comum da terra para produção animal e a conservação dos recursos naturais", diz a lei.
Como não há cercas entre as propriedades, os animais são impedidos de passar para as áreas de plantações ou para outras comunidades através de estrados de madeira instalados nas valas - conhecidos como 'mata-burros'.
Outras tradições como músicas, festas e comidas típicas também são mantidas pelos moradores dos faxinais. A forma de trabalho entre a comunidade é feita em sistemas de mutirão, chamado por eles de "puxirão", onde um ajuda ao outro.
Revitalização
"A importância desse projeto ambiental é recuperar todas as áreas degradadas de dentro desses faxinais e nas propriedades vizinhas", explica o superintendente da Gerar Francisco Essert. "Dentro dessas propriedades nós também vamos implantar um viveiro de mudas que poderá ser operacionalizado pelos próprios faxinalenses", salientou Francisco.
Ele acrescentou também que as questões de educação ambiental também serão trabalhadas junto às famílias como elaboração de cartilhas, palestras, passeios orientados e limpeza de rios.
Algumas ações educacionais e teóricas do projeto já estão sendo realizadas desde o início de 2014. Mas a parte prática como o plantio das mudas, por exemplo, será feita nos próximos meses, ressalta o superintendente. Os faxinais beneficiados pelo projeto são Meleiro, Pedra Preta, Espigão das Antas, Campestre dos Paulas, Mato Branco dos Andrades e Salso.



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