terça-feira, 8 de abril de 2014

Imigrantes ucranianos de Campo Mourão acompanham conflito com apreensão



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Walter Pereira (I Tribuna) Imagem: Walter Pereira

O conflito na Ucrânia está causando apreensão entre os descendentes de ucranianos que vivem no Brasil, principalmente no Paraná, onde conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estão 81% dos descendentes dos imigrantes que chegaram da Ucrânia desde meados de 1895. A região de Campo Mourão abriga uma grande colônia de imigrantes ucranianos. Estima-se que mais de 700 famílias vivem na área que abrange Araruna, Farol, Juranda, Mamborê, e Roncador. Em Campo Mourão virou rotina, durante as liturgias, o grupo orar pelos irmãos, que amargam com a desordem em seu país por causa da invasão da Crimeia, até então parte integrante do território ucraniano, por tropas russas, e sua posterior anexação à Federação Russa.
“Tudo que pedimos é que a paz volte à Ucrânia”, disse o padre Moacyr Leczuk, da Paróquia Santíssima Trindade, de Campo Mourão. “Rezamos por este povo, é o que podemos fazer diante da situação”, emendou. Padre Moacyr disse que no Brasil a apreensão é ainda maior, pois segundo ele, por parte do governo brasileiro não teve manifestação alguma sobre o conflito, enquanto em outros países onde há descendentes, os governantes já expuseram suas preocupações. “A Dilma [Rousseff, presidente da República] está em ‘cima do murro’”, lamentou. O sacerdote informou que o embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, já cobrou uma posição do governo sobre a situação, mas nada até o momento.
O comerciante Pedro Melniski, proprietário de uma encadernadora de livros no centro de Campo Mourão, também está preocupado. Segundo ele, o medo é que seu país de origem volte a ser oprimido pela Rússia. “Estamos sofrendo muito, é a nossa nacionalidade, nosso sangue e nossa raça”, falou. O comerciante disse que sua esposa, a professora aposentada Maria Melniski telefona quase que diariamente para a Ucrânia e conversa com conhecidos pela internet. O sobrinho dela, Elton Estefano Wonsik e a universitária Oksana Jadvizak, mourãoenses, estão morando na Ucrânia, e diariamente lhe relatam a situação.
Maria está em viagem aos Estados Unidos. Segundo Pedro, ela está há anos levantado informações para a publicação de um livro que contará a história da imigração ucraniana no norte e noroeste do Paraná. De acordo com dados já levantados pela professora, em Campo Mourão, por exemplo, os primeiros ucranianos chegaram na década de 30 do século passado, quando a região era ainda coberta por matas. Os parentes de Maria formaram a Colônia Upá, abriram parte da hoje Estrada Boiadeira a machado para garantir a posse de suas terras, o primeiro campo de aviação de Campo Mourão também foi aberto com a participação dos ucranianos.
A professora aposentada, Lucia Tavares, filha de pais descendentes de ucranianos é outra que está sofrendo. “Estamos todos muito apreensivos. Tenho amigos que ainda estão na Ucrânia e estão vivendo momentos de muito terror”, comentou. "Quando parte do nosso povo saiu de lá foi para fugir do sofrimento, o país passou 70 anos sob o comando da União Soviética e voltou a ser uma nação livre há pouco mais de 20 anos. É aterrorizante ver que tudo está começando de novo", preocupa-se.
Lucia pede para que o mundo e o Brasil ajudem a Ucrânia a enfrentar este desfecho de crise, protagonizada pela Rússia. “Pedimos que não fiquem em silêncio. Somos um povo de paz. Ninguém está pedindo ao Brasil para comprar uma briga por causa da Ucrânia, mas não queremos que a presidente fique em ‘cima do muro’”, pediu. A professora acrescentou que espera logo pelo fim do conflito porque afeta diretamente a comunidade.
Angústia via internet
A internet tem sido o principal canal de informação dos ucranianos do Brasil para acompanhar a crise que se instalou no país de seus antepassados. Audio Ciupa, morador de Roncador, diz que acompanha diariamente o noticiário on-line. Ele conversa também pelas redes sociais com brasileiros descendentes de ucranianos que estão no país. “Infelizmente uma crise de apreensão se instalou em todas as comunidades ucranianas no Brasil”, afirmou.
Roncador tem atualmente cerca de 11 mil habitantes, dos quais 30% da população são descendentes de ucranianos. Ciupa diz que no município as comunidades têm laços muito fortes com a origem. “Preservamos os costumes e a cultura, falamos a língua e na época de festas como Natal e Páscoa temos um cerimonial bem extenso”, frisou.
Ele informou que seus avós chegaram ao Brasil em meados de 1.918, fugidos da guerra. “A família chegou ao País na segunda leva de ucranianos”, lembrou. Segundo Ciupa, inclusive havia moradores de Roncador descendentes na Ucrânia, mas retornaram ao município após o início do conflito. “Esperamos que esta situação se resolva logo, o nosso sofrimento por aqui é muito grande também”, ressaltou.

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